Presume-se que o perfil da esfinge, tipicamente negróide, represente o
faraó Quéfren (cerca de -2600, IV dinastia). O perfil não é nem helênico
nem semita: é bantu.
domingo, 19 de julho de 2015
Brechtiana (Em memória de Abdias), de Nei Lopes
BRECHTIANA
(Em memória de Abdias)
Primeiro,
Usurparam a matemática
A medicina, a arquitetura
A filosofia, a religiosidade, a arte
Dizendo tê-las criado
À sua imagem e semelhança.
(Em memória de Abdias)
Primeiro,
Usurparam a matemática
A medicina, a arquitetura
A filosofia, a religiosidade, a arte
Dizendo tê-las criado
À sua imagem e semelhança.
Depois,
Separaram faraós e pirâmides
Do contexto africano -
Pois africanos não seriam capazes
De tanta inventiva e tanto avanço.
Não satisfeitos, disseram
Que nossos ancestrais tinham vindo de longe
De uma Ásia estranha
Para invadir a África
Desalojar os autóctones
Bosquímanos e hotentotes.
E escreveram a História ao seu modo.
Chamando nações de "tribos"
Reis de "régulos"
Línguas de "dialetos".
Aí,
Lançaram a culpa da escravidão
Na ambição das próprias vítimas
E debitaram o racismo
Na nossa pobre conta.
Então,
Reservaram para nós
Os lugares mais sórdidos
As ocupações mais degradantes
Os papéis mais sujos
E nos disseram:
- Riam! Dancem! Toquem!
Cantem! Corram! Joguem!
E nós rimos, dançamos, tocamos
Cantamos, corremos, jogamos.
Agora, chega!
(Nei Lopes)
Separaram faraós e pirâmides
Do contexto africano -
Pois africanos não seriam capazes
De tanta inventiva e tanto avanço.
Não satisfeitos, disseram
Que nossos ancestrais tinham vindo de longe
De uma Ásia estranha
Para invadir a África
Desalojar os autóctones
Bosquímanos e hotentotes.
E escreveram a História ao seu modo.
Chamando nações de "tribos"
Reis de "régulos"
Línguas de "dialetos".
Aí,
Lançaram a culpa da escravidão
Na ambição das próprias vítimas
E debitaram o racismo
Na nossa pobre conta.
Então,
Reservaram para nós
Os lugares mais sórdidos
As ocupações mais degradantes
Os papéis mais sujos
E nos disseram:
- Riam! Dancem! Toquem!
Cantem! Corram! Joguem!
E nós rimos, dançamos, tocamos
Cantamos, corremos, jogamos.
Agora, chega!
(Nei Lopes)
Tera Neter
Representação proto-histórica de Tera-Neter, um nobre negro da raça dos Anu, primeiros habitantes do Egito.
segunda-feira, 1 de junho de 2015
Texto "Origem dos antigos egípcios", de Cheikh Anta Diop
Texto "Origem dos antigos egípcios", de Cheikh Anta Diop.
Este texto está presente no volume 2 da Coleção História Geral da África, que tem como editor Gamal Mokhtar.
Elizabeth Taylor e a perpetuação do Egito branco
Essa é a primeira imagem da seção "Apropriação cultural" e pretendo problematizar a questão do Egito branco, tão presente nas
produções cinematográficas até os dias atuais.
Elizabeth Taylor no filme Cléopatra, de 1963.
A atriz se eternizou no papel da rainha egípcia, porém, percebemos o problema em representar os antigos egípcios como brancos.
O resultado dessa apropriação cultural pode ser percebida em vários filmes e novelas sobre o Egito antigo, pois a representação negra é praticamente inexistente nesse tipo de produção.
Elizabeth Taylor no filme Cléopatra, de 1963.
A atriz se eternizou no papel da rainha egípcia, porém, percebemos o problema em representar os antigos egípcios como brancos.
O resultado dessa apropriação cultural pode ser percebida em vários filmes e novelas sobre o Egito antigo, pois a representação negra é praticamente inexistente nesse tipo de produção.
quarta-feira, 20 de maio de 2015
Dica de leitura: "O aflorar da ignorância e do desprezo"
O Aflorar da ignorância e do desprezo
Texto muito interessante de Gabriel Ambrósio e que coincide com o direcionamento do blog, sobre a "retirada" do Egito da África e apropriação de seus símbolos sem o merecido respeito à sua origem negra.
Texto muito interessante de Gabriel Ambrósio e que coincide com o direcionamento do blog, sobre a "retirada" do Egito da África e apropriação de seus símbolos sem o merecido respeito à sua origem negra.
O conceito de raça, segundo Diop
"Raça" é uma construção fenotípica e sociocultural, não uma condição
biomolecular. Geneticamente, não pode haver raças; a noção fenotípica e
sociocultural de raça ainda define a maioria das relações humanas até
hoje. Cheikh Anta Diop
Tiy
Rainha Tiy, esposa do faraó Amenhotep III e mãe do faraó Aquenaton, teve
um papel destacado nos assuntos diplomáticos egípcios e recebeu cartas
de reis estrangeiros tratando de assuntos de protocolo.
Théophile Obenga
"É necessária uma grande coragem intelectual, da parte dos egiptólogos e
africanistas, para colocar a história dos negros africanos em sua
dimensão real e verdadeira. É preciso também, e sobretudo, que os jovens
pesquisadores africanos sejam lúcidos, desembaraçando-se das fórmulas
escolares, evitem os caminhos já percorridos e se recusem a contar as
mesmas histórias já sabidas. Essa história é nossa e deve ser abordada
com seriedade: ela encerra um panorama da história da Humanidade."
(Théophile Obenga)
(Théophile Obenga)
Afrocentricidade
"A ideia afrocêntrica refere-se essencialmente à proposta epistemológica
do lugar. Tendo sido os africanos deslocados em termos culturais,
psicológicos, econômicos e históricos, é importante que qualquer
avaliação de suas condições em qualquer país seja feita com base em uma
localização centrada na África e sua diáspora. Começamos com a visão de
que a afrocentricidade é um tipo de pensamento, prática e perspectiva
que percebe os africanos como sujeitos e agentes de fenômenos atuando
sobre sua própria imagem cultural e de acordo com seus próprios
interesses humanos."
(Molefi Kete Asante)
(Molefi Kete Asante)
Os Egípcios vistos por si mesmos
"Os egípcios tinham apenas um termo para designar a si mesmos: kmt = "os
negros" (literalmente). Esse é o termo mais forte existente na língua
faraônica para indicar a cor preta; assim, é escrito com um hieróglifo
representando um pedaço de madeira com a ponta carbonizada, e não com
escamas de crocodilo."
Cheikh Anta Diop
Cheikh Anta Diop
Múmia Egípcia
O egípcios eram negros! A prova em imagem. Observem a velha múmia de
3000 anos antes Cristo. Olhe seus cabelos crespos! Ainda tem alguma
questão?
Música "Immortel Cheikh Anta Diop", de Les Nubians
Les Nubians é uma dupla formada pelas irmãs Hélène e Célia Faussart.
A música "Immortel Cheikh Anta Diop" está presente no álbum "One Step Forward", lançado em 2003.
Ne dites pas qu'il est mort car il demeure immortel CHEIKH ANTA DIOP
Ne dites pas qu'il est mort car les ancêtres il a rejoins
Ne fondez pas en larmes car sur le grand trône désormais il siège
Le trône des pharaons des pharaons éternels
Regardez plutôt regardez comme il nous interpelle Peuples d'Afrique
De vous même donnez le meilleur.
Et sauvez l'humanité l'humanité entière.
Ne dites pas qu'il est mort CHEIKH ANTA DIOP.
Toi qui le meilleur de toi-même à l'Afrique as donné au monde noir, à l'humanité
Comment te rendre l'hommage mérité ?
La forêt entrelacée de lianes épineuses tu as élaguée
Traçant les sentiers de la science
Les marécages infestés de monstres carnivores, faussaires de l'histoire tu as traversés
Recherchant les fossiles de la vérité, la nuit d'encre et froide de solitude
« Génération sacrifiée que nous sommes » disais-tu
Sacrifié, oui tu l'as été. Oui c'est bien cela. Tu t'es jeté dans la bataille, tu t'es exténué
Pourvu que nous puissions marcher fiers, la tête haute.
(...)
Est-ce vrai que tu es mort CHEIKH ? Que tu n'es plus CHEIKH ?
Toi qui quelques instants encore m'exhortais à redoubler d'ardeur,
A braver les coups bas d'une Afrique qui se cherche,
Toi qui m'invitais à rassembler les bonnes volontés pour un avenir glorieux
Est-ce toi qui n'es plus, CHEIKH ANTA DIOP ?
(...)
Nous, peuples d'Afrique, plaidons pour lui et le disons pour tout le bien qu'il a fait à l'humanité
« Soyez loué, Ô Dieu...voyez CHEIKH ANTA DIOP vient à vous
sans péché, sans mal...
il a donné du pain à l'affamé, de l'eau à qui avait soif, des vêtements à qui était nu, un bac à qui n'avait pas de bateau.
Il a fait des offrandes aux Dieux, et des dons funéraires aux morts bienheureux.
Sauvez CHEIKH ANTA DIOP, gardez-le. »
CHEIKH ANTA DIOP est un homme qui ala bouche pure, les mains pures et à ceux qui le voient disent : « Sois le bienvenu ».
Nous, peuples d'Afrique, plaidons pour lui et le disons pour tout le bien qu'il a fait à l'humanité.
Voilà donc notre plaidoyer, nous peuples d'Afrique, pour toi, CHEIKH.
Maintenant, tu peux partir. Tu peux partir en paix. Le pacte est scellé. Nous te resterons fidèles.
L'Afrique elle, relèvera le défi, le défi du futur. L'humanité sera sauvée. Et à toi, nous rendrons ce qui te revient. La gloire, la gloire au fronton de l'histoire. Repose en paix. Mais toujours sois avec nous, fils d'Afrique, CHEIKH, CHEIKH ANTA, CHEIKH ANTA DIOP. Toi l'IMMORTEL.
Ne dites pas qu'il est mort car il demeure immortel CHEIKH ANTA DIOP.
Ne dites pas qu'il est mort car les ancêtres il a rejoins
Ne fondez pas en larmes car sur le grand trône désormais il siège
Le trône des pharaons des pharaons éternels
Regardez plutôt regardez comme il nous interpelle Peuples d'Afrique
De vous même donnez le meilleur.
Et sauvez l'humanité l'humanité entière.
Ne dites pas qu'il est mort CHEIKH ANTA DIOP.
Toi qui le meilleur de toi-même à l'Afrique as donné au monde noir, à l'humanité
Comment te rendre l'hommage mérité ?
La forêt entrelacée de lianes épineuses tu as élaguée
Traçant les sentiers de la science
Les marécages infestés de monstres carnivores, faussaires de l'histoire tu as traversés
Recherchant les fossiles de la vérité, la nuit d'encre et froide de solitude
« Génération sacrifiée que nous sommes » disais-tu
Sacrifié, oui tu l'as été. Oui c'est bien cela. Tu t'es jeté dans la bataille, tu t'es exténué
Pourvu que nous puissions marcher fiers, la tête haute.
(...)
Est-ce vrai que tu es mort CHEIKH ? Que tu n'es plus CHEIKH ?
Toi qui quelques instants encore m'exhortais à redoubler d'ardeur,
A braver les coups bas d'une Afrique qui se cherche,
Toi qui m'invitais à rassembler les bonnes volontés pour un avenir glorieux
Est-ce toi qui n'es plus, CHEIKH ANTA DIOP ?
(...)
Nous, peuples d'Afrique, plaidons pour lui et le disons pour tout le bien qu'il a fait à l'humanité
« Soyez loué, Ô Dieu...voyez CHEIKH ANTA DIOP vient à vous
sans péché, sans mal...
il a donné du pain à l'affamé, de l'eau à qui avait soif, des vêtements à qui était nu, un bac à qui n'avait pas de bateau.
Il a fait des offrandes aux Dieux, et des dons funéraires aux morts bienheureux.
Sauvez CHEIKH ANTA DIOP, gardez-le. »
CHEIKH ANTA DIOP est un homme qui ala bouche pure, les mains pures et à ceux qui le voient disent : « Sois le bienvenu ».
Nous, peuples d'Afrique, plaidons pour lui et le disons pour tout le bien qu'il a fait à l'humanité.
Voilà donc notre plaidoyer, nous peuples d'Afrique, pour toi, CHEIKH.
Maintenant, tu peux partir. Tu peux partir en paix. Le pacte est scellé. Nous te resterons fidèles.
L'Afrique elle, relèvera le défi, le défi du futur. L'humanité sera sauvée. Et à toi, nous rendrons ce qui te revient. La gloire, la gloire au fronton de l'histoire. Repose en paix. Mais toujours sois avec nous, fils d'Afrique, CHEIKH, CHEIKH ANTA, CHEIKH ANTA DIOP. Toi l'IMMORTEL.
Ne dites pas qu'il est mort car il demeure immortel CHEIKH ANTA DIOP.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015
Cheikh Anta Diop
"A
Antiguidade egípcia é, para a cultura africana, o que é a Antiguidade
greco‑romana para a cultura ocidental. A constituição de um corpus de
ciências humanas africanas deve ter isso como base."
(Cheikh Anta Diop)
(Cheikh Anta Diop)
domingo, 1 de fevereiro de 2015
Pequena biografia de Cheikh Anta Diop
Cheikh Anta Diop nasceu em Caytou, no distrito
de Diourbel, Senegal, em 1923 e faleceu em Dacar, capital do mesmso
país, em 1986.
Foi para Paris em 1946, conseguindo o doutorado em física na década de 50, porém, foi na egiptologia que Diop realizou contribuições que mudaram o direcionamento dos estudos africanos.
Em 1954, Diop apresentou sua tese sobre a origem africana da civilização egípcia, porém, a mesma foi rejeitada duas vezes. Apenas em 1960, sua tese foi aprovada, lhe conferindo o título de Docteur d'Etat et Lettres. Essa tese deu origem ao livro "Nations nègres et cultures".
Diop também participou de um simpósio no Cairo (1974), intitulado "O povoamento do antigo Egito e a decifração da escrita meroítica". Ao lado de Theóphile Obenga, defenderam a origem negra da civilização egípcia, desbancando intelectuais da Europa e dos Estados Unidos, firmando-se como o maior intelectual e pesquisador africano do século XX.
Fonte: FINCH III, Charles S. Cheikh Anta Diop confirmaado. In: NASCIMENTO, Elisa Larkin (org). Sankofa 4 Afrocentricidade: uma abordagem epistemológica inovadora. São Paulo: Selo Negro, 2009.
Foi para Paris em 1946, conseguindo o doutorado em física na década de 50, porém, foi na egiptologia que Diop realizou contribuições que mudaram o direcionamento dos estudos africanos.
Em 1954, Diop apresentou sua tese sobre a origem africana da civilização egípcia, porém, a mesma foi rejeitada duas vezes. Apenas em 1960, sua tese foi aprovada, lhe conferindo o título de Docteur d'Etat et Lettres. Essa tese deu origem ao livro "Nations nègres et cultures".
Diop também participou de um simpósio no Cairo (1974), intitulado "O povoamento do antigo Egito e a decifração da escrita meroítica". Ao lado de Theóphile Obenga, defenderam a origem negra da civilização egípcia, desbancando intelectuais da Europa e dos Estados Unidos, firmando-se como o maior intelectual e pesquisador africano do século XX.
Fonte: FINCH III, Charles S. Cheikh Anta Diop confirmaado. In: NASCIMENTO, Elisa Larkin (org). Sankofa 4 Afrocentricidade: uma abordagem epistemológica inovadora. São Paulo: Selo Negro, 2009.
Cheikh Anta Diop |
terça-feira, 20 de janeiro de 2015
Apresentação
Colegas,
esse blog surgiu com o propósito de difundir as ideias de Cheikh Anta
Diop, principalmente no que se refere ao Egito negro.
Em breve, postarei materiais sobre o autor em questão (infelizmente, existe um único texto em português, presente na Coleção História Geral da África, da Unesco), o que dificulta a disseminação do seu trabalho, mas espero reunir material suficiente para que Cheikh Anta Diop tenha o merecido reconhecimento.
Página do facebook: www.facebook.com/oegitonegrodecheikhantadiop.
Ass: Juliana Aparecida
Historiadora, Professora de História e Especialista em História e Cultura Afro Brasileira e Africana.
Em breve, postarei materiais sobre o autor em questão (infelizmente, existe um único texto em português, presente na Coleção História Geral da África, da Unesco), o que dificulta a disseminação do seu trabalho, mas espero reunir material suficiente para que Cheikh Anta Diop tenha o merecido reconhecimento.
Página do facebook: www.facebook.com/oegitonegrodecheikhantadiop.
Ass: Juliana Aparecida
Historiadora, Professora de História e Especialista em História e Cultura Afro Brasileira e Africana.
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